2012 tinha sido um ano tardio, onde a seca hivernal se traduziu por menos agua que o habitual nos solos.
Em consequencia, a falta de agua gerou uma fotosintese mais lenta.
A lentidão das maturações e as adversidades climatericas levaram-me a me adaptar, vindimando a vinha em duas vezes, no espaço de 2 semanas.
Obtive assim 7 barricas do V1 (vindima 1) e 5 do V2 (vindima 2)
Ambos com 12,5%, ambos da mesma vinha, ambos naquela linha fina e precisa, mas ao mesmo tempo diferentes.
No V1 apanhamos os cachos que estavam mais adiantados a volta do equinocio, cachos principalmente da casta Tinta Pinheira, a casta mais precoce desta vinha.
Os cachos mais tardios, de Baga, Negro Mouro e Tinta Amarela, ficaram a amadurecer, sendo vindimados duas semanas depois, ja em Outubro.
Desde o inicio este vinhos me têm entusiasmado.
Consoante a altura, um mostra-se mais bonito e harmonioso do que o outro.
Por vezes mesmo de um dia para o outro...
Afinal é normal, são seres vivos!
Ao seguirmos a evolução dos vinhos na adega é que nos apercebemos verdadeiramente destes fenomenos.
Agora, chegou a altura de voltar a juntar estes irmãos gêmeos separados a nascença.
A primeira etapa da preparação do engarrafamento decorreu em dezembro.
Consistuiu em recolher amostras de cada uma das 12 barricas desta colheita.
A prova das amostras de cada barrica permitiu-nos verificar que todas estão otimas e que esta mesmo a chegar a hora de engarrafar, pois apesar de as barricas serem usadas (nesta altura entre os 3 e 4 anos) não quero prolongar mais o estagio em barrica, para não marcar demasiado o vinho. So quero expressão do terroir!
Neste momento ambos estão vivos e finos na boca, com aquele brilho dos vinhos naturais. O nariz profundo e mineral, encanta pela sua complexidade e autenticidade.
O engarrafemento podera então realizar-se assim que o tempo aquecer um pouco la mais para Abril ou Maio.
Não ha pressas, este tipo de vinho precisa de tempo e depois de engarrafado ficara na garrafa a repousar varios meses.
O ideal até seria ficar a estagiar na garrafa mais de um ano antes de se começar a comercializar.
Pois como tem mostrado o 2011, o tempo em garrafa so faz bem. Tivesse eu capacidade financeira so agora pensaria em começar a vendê-lo.
Afinal estamos a falar de Dão, a região portuguesas por excelência de vinhos de guarda.
Como diz o Luis Lopes, com este 2012 estamos perante o que vai ser um grande vinho português!
Acredito que sim, no trabalho e esforço realizado na vinha sei que ninguem na região, e poucos no pais, foram tão longe na busca da excelência!
Os primeiros resultados estão a vista.
O tempo ajudara a confirma-lo!
Caro António Madeira,
ResponderEliminarAntes de mais deixe-me felicitá-lo quer pelo seu blog quer pela perseverança.
Também eu descobri recentemente o interesse pela vinha, especialmente depois do meu avô ter falecido e ter ficado a meu cargo a manutenção de uma pequena exploração agrícola em Carrazeda de Ansiães - Trás-os-Montes, na região do Douro.
Aliás ando a pensar reconverter umas vinhas. Neste sentido gostaria de trocar algumas impressões consigo quanto às vinhas velhas. Será possível? O meu e-mail é joaofilipecsantos@gmail.com.
Obrigado.
Um abraço,
JCS