segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Simplesmente Vinho 2016

A nova edição do Simplesmente Vinho decorrera ja no proximo fim de semana, sexta 26 e sabado 27 de Fevereiro, no Porto.
Desta vez o local muda-se para o Convento de Monchique.
https://maps.here.com/directions/drive/mylocation/Simplesmente-Vinho:41.14468,-8.62395?map=41.14468,-8.62395,12,normal&fb_locale=fr_FR&x=ep



Como de costume, la estarei nesta grande festa do vinho de vignerons, para vos apresentar algumas das novidades do ano. Até ja!



Mais infos sobre o evento em http://simplesmentevinho.pt/ ou https://www.facebook.com/simplesmenteVinho/?fref=ts

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A palavra do Pierre

Estou relendo o livro "La parole de Pierre", um livro de entrevista ao famoso Pierre Overnoy e que aborda a sua vida, a sua experiencia na viticultura, na vinificação, na comercialização dos seus vinhos, etc... Um livro rico em ensinamentos para mim.


Pierre Overnoy é um vigneron da região francesa Jura, mais concretamente em Pupillin (Arbois).
Pratica ha varias décadas viticultura biologica e vinificações naturais, sem recurso ao SO2. Alias foi um dos pioneiros deste tipo de vinificações ha varias décadas, com o apoios de cientificos especialistas em fermentações com leveduras indigenas, em particular o seu famoso amigo Jules Chauvet, um dos enologos mais influentes e reconhecidos do século XX.

Hoje em dia, os seus vinhos são dos mais procurados por todo o planeta.

So para dar uma ideia e apesar da sua humildade, os seus vinhos são muito mais conhecidos e procurados no mundo do que o Barca Velha.









O recurso a vinificações naturais é arriscado, pode levar a grandes resultados, mas tambem pode levar ao fracasso se não estiverem reunidas as condições propicias. Por isso a quasi totalidade dos vinhos hoje em dia no mercado são produzidos com a ajuda de varios produtos enologicos que ajudam a reduzir os riscos.

Um dos principais métodos utilizados pelos enologos é a adição de leveduras compradas no mercado para assegurar as fermentações alcolicas com o minimo de riscos, fermentações que nos permitem fazer tudo de forma rapida e eficaz. Mas claro como em tudo na vida existem as suas desvantagens e neste caso perde-se muita coisa. Digamos em sintese que se perde a alma do sitio.

Nas vinificações naturais, tomamos muitos riscos, estamos perto da linha amarela a não ultrapassar, sempre na procura de expressar a alma do sitio e de alcançar o grande vinho. Infelizmente, poucos hoje em dia valorizam os riscos tomados, isto no melhor dos casos, porque geralmente até se é denegrido ou tentam gozar com o nosso trabalho... Reação normal em todo processo evolutivo.
Mas isso pouco importa no post de hoje.

Vamos ao que interessa e vejamos uns extratos interessantes do livro, que selecionei para partilhar com vocês. Como sou simpatico com vocês, traduzi para português.

Extrato 1



"Mca (o entrevistador) : Vocês preferem uma fermentação alcolica rapida ou lenta?

Emmanuel Houillon (braço direito de Overnoy) : No inicio, tudo decorre sempre bem, mas é sempre mais para o fim que podem existir problemas e que ha tendencia a ir mais devagar.

Pierre Overnoy : Quanto mais demorar, mais hipoteses temos de fazer um grande vinho. No vinho branco, por vezes fermenta durante um ano de tempo. Mas tambem temos mais riscos.
Quando o Jacques estava connosco, tinhamos um estagiario que nos dizia : "Ah nos, na minha escola, fazemos fermentações em quatro dias. Em quantro dias, ja não temos açucar, estamos contentes". O Jacques ria-se : "Mas que qualidade de vinho podias tu obter assim no final?"


Extrato 2



"Pierre Overnoy : Em 1999, demoramos dois anos para acabar as fermentações de alguns brancos.

Entrevistador : Que fizeram então? Aqueceram?

Pierre Overnoy : Tudo menos isso! Se aqueces, relanças as bacterias.

Emmanuel Houillon : Digamos que enquanto fermenta, esta-se bem, é melhor não tocar muito. As pessoas querem muita vez que tudo se passe rapidamente. Tem de se ser paciente. E o tempo que vai fazer as coisas e esperamos que tudo decorra bem."

Palavra de Pierre.

No momento em que escrevo estas linhas, dia 20 de Fevereiro 2016, ja se encontram alguns brancos 2015 no mercado e muitos outros ja estão a ser engarrafados. Digamos que os futuros "grandes" brancos de 2015 do pais ou ja estão engarrafados ou não faltara muito. E la antes da época natalicia ja estarão no mercado.

No caso do meu branco 2015, no momento em que escrevo estas linhas, a fermentação alcolica ainda decorre. Provavelemente como no caso do 2013, decorrara até ao verão.

Provavelmente o vinho continuara a passar ao lado de muita gente que sempre so conheceu e teve acesso a um modelo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Os trabalhos de inverno na vinha

As ultimas semanas marcaram o regresso dos trabalhos nas vinhas.


Neste inverno anormalmente quente, voltamos a vinha em Janeiro, para podar e para escavar a terra a volta das videiras.

Estes trabalhos são de certa forma estruturais para o ciclo vegetativo deste ano.
Pois se com a poda fica definida a produção maxima com que ficara cada cêpa, com a escava, os solos ficam melhor arrejados e a agua das chuvas invernais fica de certa forma canalizada para as zonas onde mais é precisa, ou seja nas zonas das raizes. Fica-se portanto com videiras melhor preparadas para o que vira mais tarde durante o ano.

A poda é como ja expliquei em post anteriores a poda dita "Guyot" simples ou duplo, consoante as cêpas e seu vigor. E o tipo de poda tradicional nas vinhas velhas do sopé da Serra da Estrela. Um tipo de poda que permite maior equilibrio, saude e longevidade as cêpas. Um modo tradicional que não abandonamos, tal como não abandonamos os trabalhos tradicionais dos solos.

E assim, muito trabalho nas vinhas, longe dos quimicos e das preguiças... Um trabalho custoso, mas que é o mais adequado ao tipo de vinho que pretendo fazer.