domingo, 29 de junho de 2014

Resistência natural

Aproveitei o mau tempo parisiense desta tarde de Domingo para ir ao cinéma ver o novo filme de Jonathan Nossiter.

Filme onde os protagonistas são 4 "vignerons" italianos focados em fazer vinhos que expressem os seu local, vinho que respeite a natureza e a saude de quem bebe o vinho.

Como sabem sou sensivel a esta filosofia de vida, a esta perspectiva sobre a agricultura.

Este filme serve para abrir consciências.

Aqui na Palheira ja lhes falei varias vezes sobre o trabalho realizado no solo das vinhas de que cuido, trabalho mecanico como era feito antigamente, sem herbicidas.

Trabalho que alguns qualificariam de obsoleto face aos metodos quimicos ditos modernos...
... Quando na realidade esta é a verdadeira modernidade,  em vez de um solo morto, trabalhar para termos um solo vivo que permita fazer vinho de verdade e preservar a nossa saude,

E porque uma imagem vale mais do que mil palavras aqui fica uma pequena amostra do filme, que ilustra (e de que maneira) esta questão do trabalho do solo.




sábado, 28 de junho de 2014

2014 alternativo

Ano apos ano, vai se aprendendo que não existe nenhum igual um ao outro.

Vai se aprendendo que somos pequeninos, que o nosso papel passa por conseguirmo-nos adaptar aos caprichos da natureza.

Este ano de 2014 é mais um de aprendizagem.
Depois de um inverno chuvoso, em que os solos se encheram de agua, veio uma primavera que alterno entre frio, chuva e dias solarengos.



Agora que entramos no verão, agora que o sol em vez de se elevar, volta a ficar mais proximo, o tempo continua incerto.
Talvez seja o ano mais humido, desde o inicio desta aventura. Humido mas sem aquele calor perigoso da primavera de 2011.

No momento em que escrevo estas palavras, chegam vozes do Dão que indicam ataques de mildio um pouco por toda aquela região, principalmente em castas mais sensiveis como a Tinta Roriz (a casta actualmente plantada na região que considero menos natural e menos adaptada as suas caracteristicas).

Felizmente no nosso caso, por enquanto não ha sinal de alarme.
Que assim continue!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

As castas nas vinhas velhas do Dão Serrano

A titulo ilustrativo fica aqui a composição, em termos de castas, da vinha velha do granito rosa.
Recordo que se trata de uma vinha com duas partes, uma com 50 e outra com 100 anos.


O que vemos?

Primeiro, que o branco, embora misturado com o tinto, estava bastante presente nos encepamentos antigos. Vemos aqui uma proporção de 40% de branco e 60% de tinto.

Encontramos tambem a presença do classico blend Cerceal/Bical no branco.
Da ainda curta experiência que vou ganhando, palpito que os antigos procuravam equilibrar a facil maturação do Bical (ou mesmo os seus riscos de sobrematuração) com a acidez da Cerceal.

A completar este tipico field blend de branco, encontramos uma curiosidade com o nome de Castelão Branco. No momento em que escrevo este texto, confesso que não sei ainda que casta é esta. Talvez uma daquelas castas antigas hoje esquecidas?



Nas tintas vemos que metade do encepamento desta vinha do sopé da Serra da Estrela é composto de Jaen. A casta preferida dos lavradores serranos.

Vemos tambem que a Jaen nesta terra gosta de ser acompanhada pela sua amiga historica, a Baga.
Blend que funciona um pouco como o que descrevi mais acima sobre o dueto Bical/Cerceal, com a Jaen de facil maturação e baixa acidez (a lembrar o Bical) e a Baga mais viva a equilibrar o conjunto (como o fazia o Cerceal em relação a Bical).

Alem destas duas vemos tambem a Tinta Amarela/Trincadeira, casta que estamos mais habituados a ler nos contra-rotulos dos vinhos do Douro ou Alentejo, mas que tenho encontrado bastantes vezes nas vinhas velhas do Dão Serrano. A sua presença por aqui vem de longe portanto.

Para finalizar o field blend tinto, uma mistura de varias castas tintas antigas.

Assim era o Dão Serrano no tempo dos nossos avos!