terça-feira, 28 de junho de 2016

Sobreviver num ano austero

Este ano de 2016 esta a confirmar-se como um dos mais dificeis e perigosos dos ultimos anos.
Não esta facil para ninguem e para nos tambem não.

Desde o inicio do ciclo que as dificuldades se conjugam.
Começou-se com um abrolhamento tardio, com um atraso de duas a três semanas.

Depois sucederam-se as semanas de mau tempo com muita chuva e frio o que alem de não permitir recuperar o atraso, aumenta a pressão de doenças.
Mesmo os dias em que não chove têm sido ameaçadores, pois as manhãs na nossa zona têm sido de muita orvalhadas, encontrando-se as folhas muito molhadas em varias manhãs, o que significa que no Dão não é necessariamente preciso chover para que os fungos se desenvolvam...

Resultado destas condições climatéricas?
Por enquanto vai-se conseguindo controlar as ameaças. Apareceram algumas manchas de mildio em duas vinhas, mas pouca coisa. Nas outras vinhas ainda nada, felizmente. Mas este controle faz-se ao custo de uma augmentação dos tratamentos fitosanitarios. Temos sido obrigados a curar quase todas as semanas. Neste momento ja vamos em 5 tratamentos, o que para nos no Dão equivale aos tratamentos totais de um ano normal...

As dificuldades não acabam aqui...
Nestes ultimos tempos tem havido o periodo de floração, periodo determinante para a produção do ano. Para haver uma boa produção é bom que haja um periodo de floração com tempo ameno, sem chuva. Ora no nosso caso tivemos varios dias de chuva neste periodo critico... Começamos agora a ter uma noção do impacto e nota-se que muito cacho desavinhou... Não se sabe bem ou certo quanto se perdeu, mas talvez uns 10% da produção.

E assim! A vida de viticultor não é facil.
Neste periodo anda-se com o risco de se perder parte da produção, por vezes mesmo tudo. Risco que não existe noutras actividades economicas. E preciso coragem.

Pelo menos temos a felicidade de não ter tido nenhuma catastrofe natural, do tipo geadas ou granizos, ao contrario do que tem acontecido este ano em varias regiões francesas que perderam tudo ou quase... Varias zonas da Borgonha, da Loire ou do Beaujolais têm sido massacradas este ano.
Por vezes não so perderam a produção deste ano, como ficou comprometida a produção do proximo ano. Situações muito duras, que podem ser mortiforas para a situação financeira dos mais pequenos.

Nos tambem ja tivemos problemas no passado com geadas e riscos de granizos, mas felizmente até agora este ano não nos pos a frente deste tipo de dificuldades.
Portanto ha que relativizar e ver o lado positivo!
E quem sabe? Pode ser que o resto do ciclo se torne um pouco mais simpatico!