O Inicio do
mês de Setembro 2010 foi dedicado a aprendizagem das tarefas de adega e ao
seguimento da evolução das maturações.
Vou resumir
neste post a parte da aprendizagem na adega.
Maria |
Todos os
dias ia para a adega da Pellada logo de manhã. Chegava, ia ter com o Luis e com a Maria e logo via o que havia para fazer.
Naquela
altura começaram as primeiras vindimas, a adega estava sempre em movimento,
cheia de fluxos de uvas, de mostos de um lada para outro, do desengaçador para
um lagar ou uma cuba, de uma cuba para outra cuba... Sempre a andar, como se
costuma dizer!
Aprendi as
tarefas basicas mas fundamentais de uma adega, como as ligadas a higiène. Cada
vez que se utilizava uma mangueira ou qualquer equipamento passava-se por agua
antes e imediatamente depois da utilização. Percebi que a higiène é a base de
tudo e provavelmente um dos principais factores responsaveis pelo resultado
final.
Luis |
Os dias eram
intensos e passavam rapido, muita informação nova a acumular, praticas,
processos, variaveis...
Aprendi o B-A-BA,
como, por exemplo, seguir a evolução de uma fementação alcoolica.
Duas
variaveis eram importantes de seguir pelo menos uma a duas vezes por dia: a
densidade e a temperatura de fermentação.
A densidade
permite seguir o estado de avanço da fermentação alcoolica, ou seja a
transformação do acuçar em alcool.
Quanto mais
açucar tem o mosto, mais denso ele é. Quantos menos tem acuçar, menos denso é. Antes
de se iniciar a fermentação, o mosto esta cheio de açucar da uva esmagada e tem
uma densidade bem acima do da agua, a volta dos 1100 por exemplo. A medida
desta densidade no mosto, antes da fermentação, permite avaliar o grau
alcoolico provavel, ou seja caso a fermentação va até ao fim (dai a importancia
das leveduras e do meio em que vivem). Depois, ao longo da fermentação, a
densidade vai baixando a medida que o açucar é transformado pelas leveduras em
alcool. Por isso medindo-se a densidade pode-se avaliar o estado de avanço
deste processo. Finalmente quando passamos a barreira dos 1000, sabemos que a
fermentação esta proxima do final, restando ja muito pouco açucar para
transformar.
O controlo da temperatura é tambem importante, existindo varios métodos e varias formas de pilotar as temperaturas, varios momentos do estado de avanço da fermentação para actuar com maoir ou menor intensidade, consoante o efeito pretendido. Existe a este nivel varias teorias, varias sensibilidades, algumas contraditorias. Alias parece-me ser um dos pontos de diferenciação sobre a condução de uma fermentação alcoolica.
Percebi
tambem que trabalhar vinho branco é muito mais sensivel e complicado do que
trabalhar tinto. Os processos são diferentes, os riscos são mais altos,
principalmente a nivel da oxigenação. O uso da prensa é neste caso fundamental,
muito mais do que no caso do tinto. Para se fazer vinho branco é mesmo necessario
saber manear a prensa, é uma técnica dentro da técnica.
Tive nesses
dias a oportunidade de participar na vinificação, entre outros, do Primus 2010,
um grande vinho branco do Dão e sem duvida de Portugal. Até batonage fiz...
Não é todos
os dias que tal oportunidade acontece, por isso alem do prazer que tive em
participar, senti tambem honra no feito J
Depois de
duas semanas a aprender na adega, sentia-me mais seguro e mais sabio para
experimentar a conduzir a minha primeira fermentação.
Muitos parabens pela coragem de partilhar conosco essa fantástica viagem. espero que seja um caminho pouco sinuoso e muito gratificante.
ResponderEliminarBoa Sorte, boa viagem!
Forte abraço
HM
Obrigado Hugo, esta palheira é como o vinho, é feita para ser partilhada!
ResponderEliminarAbraço