Quinta-feira volto a terra santa, por uns dias, com dois objectivos :
- podar uma vinha velha que aluguei a partir deste ano
- participar no proximo sabado no evento #dãowinelovermeeting.
Depois, no Domingo voltarei a realidade parisiense.
Trata-se de uma vinha muito antiga, com mais de 100 anos.
O dono é um senhor com 90 anos que a erdou do sogro quando era novo. Segundo diz ele, ja naquela altura a vinha era velha, tendo a volta de 50/60 anos naquela altura.
E por isso um caso raro, um testemunho de tempos muito antigos, uma amostra do Dão do tempo da criação da denominação de origem, ha cem anos atras.
Conheci o dono vai para 3 anos, a vinha é a menina dos olhos dele e andava preocupado com o que aconteria quando ja não teria forças para a cultivar. Trabalho muito nela. Chegou a escavar a luz da lua.
Desde o inicio lhe disse "não se preocupe! Se você confiar em mim, a vinha não morrera."
Ficou desde essa altura combinado que quando ele ja não puder, começarei eu a tratar dela, via um contrato de arrendamento.
Em setembro quando voltei para vindimar a colheita de 2012, fui la ter com o senhor e chegamos a conclusão que esse momento tinha chegado. Sera por isso agora a primeira vez que vou começar a podar esta vinha. Vou começar a conhecer esta magnifica vinha intimamente.
A vinha é pequena, tem a volta de 2000 m². Por isso a produção devera ser confidential, talvez a volta de 1500 garrafas ou algo do genero.
O solo é obviamente de origem granitica e muito pobre.
Mal la nasce uma erva.
Fica uma pessoa a pensar como as vinhas se conseguiram desenvolver e atingir tal longevidade num ambiente tão hostil... São mesmo plantas a parte!
As castas vou aprender a conhecê-las. Neste momento é o que menos me interessa.
O principal neste caso, é o local e a idade das cêpas, sera um autêntico vinho de terroir, que expressa um local e uma altura no tempo.
Sei no entanto que se trata de uma vinha com mistura de castas tintas e brancas, como costuma ser nas vinhas antigas da região. Sei tambem que nas tintas se encontra Jaen.
Agora ao podar, pelas varas talvez consigamos com o meu sogro e o Ti Zé Rebelo reconhecer algumas castas pelas varas.
O vinho tem sido feito pelo dono, sem grandes condições, sempre em lagar, com o engaço e com as uvas tintas misturadas com as brancas. Cada vez que provo o vinho dele, revela-se espectacular!
Mesmo em copo simples, sobressaia o granito, a mineralidade, por detras de fruta vermelha fresca e de um conjunto de flores. Um vinho fresco e elegante, que traduz no copo aquilo que era o Dão de ha cem anos!
Um vinho que nos faz viagar no tempo.
Cabe-me agora a responsabilidade de não estragar.
Ainda não sei se farei o tinto a parte do branco, ou se continuarei misturar tudo. Alias esta duvida provavelmente so sera defeita a ultima da hora, quando formos vindimar. Mas a ideia de misturar tudo atrai-me, pois o vinho é tão bom!
Vinha Muito bela, obrigado por me fazer viajar por uma região onde vivi 4 bons anos. Continuação de bom trabalho. Se for possível coloque mais informação no seu blogue. Cumprimentos. IL
ResponderEliminarBem haja IL!
ResponderEliminarBoa tarde Antonio,
ResponderEliminarMais uma vez os meus parabéns, desta vez por mais um "salvamento" de ultima hora.É cada vez mais importante que gente nova se interesse por o património já existente.Não percebo como existem pessoas que abraçam esta paixão a de fazer vinho,com novos encepamentos de castas que nada tem a haver com a região,sabendo também que tem de esperar consideravelmente que passem alguns anos para que a vinha comece a produzir com a mínima qualidade,e não aproveitem estes tesouros que são as vinhas antigas,que a maior parte das vezes, aguardam apenas que apareça alguém que lhes dê continuidade.
Abraço
Mário
Obrigado Mario.
ResponderEliminarEste blog tambem serve para isso, para abrir consciências.
Abraço
Antonio
sensacional!
ResponderEliminarbelas fotos; fotoreportagem!!!