quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Negro Mouro

Nos tempos que vivemos, onde a standardização acaba aos poucos com a diversidade, importa tentar preservar o patrimonio ampelografico de que dispomos em Portugal.
Pessoalmente acredito que alem da questão ecologica, esta preservação podera se tornar num grande trunfo para o futuro da vitivinicultura nacional.

Embora muitos concordem com isto nas palavras, depois nos actos nem sempre isso se reflete.
Um dos meus objectivos é contribuir a essa preservação.

Das castas presentes na vinha velha da qual provem o meu 2011, talvez a mais esquecida de todas seja o Negro Mouro.

"Negro Mouro" é o nome regional pelo qual era conhecida no Dão a casta mais conhecida a nivel nacional pelo nome de "Camarate".

Na vinha reconhece-se principalmente pela folha algo rustica. Não é uma casta facil por ser tardia e sensivel.

Provavelmente alguns de vocês ja a provaram sem o saber, pois é uma casta muito presente na vinha velha da Quinta da Pellada, cujo vinho entra no lote do vinho do mesmo nome.

Não resisto a tentação de transcrever uma frase tirada do Grande Livro das Castas (Jorge Böhm), acerca desta casta :
"Embora se trate duma casta com grande tradição historica, reconhecemos tratar-se de uma variedade que actualmente não produz vinhos ao gosto do mercado."

Tirem as conclusões que quiserem!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O rotulo do 2011 - L'étiquette du 2011

Depois de longas semanas de trabalho com o meu amigo Antonio Rodrigues, tenho o prazer de vos apresentar aquele que sera em principio o rotulo do meu vinho de 2011.

Après de longues semaines de travail avec mon ami Antonio Rodrigues, j'ai le plaisir de vous présenter celle qui sera en principe l'étiquette de mon vin de 2011.


Peço-vos que partilhem a vossa opinião. Não se envergonhem, digam la a vossa justiça!

A vos commentaires!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O 2011 no daowinelover meeting

O #daowinelover meeting foi tambem especial para mim por ser uma oportunidade para dar a provar amostras do meu vinho de 2011 e assim ter algum feedback, recolher opiniões.

Foto de Jorge Filipe Nunes

O balanço foi francamente positivo.
As pessoas demostraram curiosidade, provaram e partilharam comigo as suas impressões, quer seja na hora, quer seja mais tarde por mensagens via facebook.
As pessoas queriam perceber a origem do vinho, quais as castas e os principios nele contido.

Escrevi um texto destinado ao contra-rotulo, que acho que sintetiza bem as respostas a estas perguntas.
Aqui vai : 
Este vinho nasce numa vinha velha salva do abandono, onde se destacam castas autóctones, quase esquecidas, como a Tinta Pinheira, o Negro Mouro e a Tinta Amarela. 
Foi vinificado com o objectivo de expressar a pureza do "terroir” granítico da Serra da Estrela, tal como seria no tempo dos nossos avós.

A todos um grande bem haja pelos comentarios! 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A poda da vinha centenaria

Na quinta-feira 24 de Janeiro, mal cheguei a terra santa, aproveitei logo a primeira tarde para ir podar.
Fomos três pessoas, o meu sogro, o Ti Zé Rebelo e eu. No dia seguinte tb foi o meu primo Flavio "Sokota" para apanhar as vides.

Foram bons momentos, que aqui vou relatar.


As cêpas apresentavam formas que têm mais a ver com o contorcionismo do que com os standards da viticultura actual.



Começamos pela parte de baixo.


E fomos subindo, levando duas carreiras de cada vez.


Eu alternava entre a carreira do meu sogro e do Ti Zé Rebelo.


As varas iam ficando em pequenos montes carreira sim, carreira não.


As varas foram depois apanhadas e queimadas pelo meu primo Flavio aka "Sokota".



Pelas varas conseguiamos reconhecer algumas castas brancas e tintas.


Nas brancas reconhecemos o Bical, conhecido localmente pelo nome de "Borrado das Moscas".


Nas tintas reconhecemos bastantes cêpas de Jaen e de Baga.


La mais para a frente, despois do abrolhamento, quando começarem a aparecer as folhas, ja se podera identificar mais castas pela forma da folha.


Encontramos videiras muito cansadas. Notava-se que pelo menos na poda do ano anterior houve um claro abuso a nivel da carga deixada. Não era rara a vez em que encontramos videira com 16 ou 20 varas, um exagero para cêpas tão antigas. Não temos duvidas que a continuar assim, em meia duzia de anos morriam todas...


Encontravamos assim, principalmente na parte de baixo, varas muito finas e curtas, com muito pouco vigor. A vinha estava cansada e esfomeada.
Para resolver isto tivemos muita vez de apenas deixas três olhos, a ver se a vinha ganha vigor este ano.
Por isso, a colheita sera pequena este ano, mas a situação que encontramos assim o obriga. Pelo menos se formos sérios a salvar a vinha.


Podar é relaxante!
Pelo menos para mim, que vivo numa grande cidade, é uma actividade que me permite evacuar o stress acumulado. E mesmo muito bom, actividade manual mas ao mesmo tempo cerebral, tecnica, a levar-nos a tomar varias decisões, pois cada cêpa é um caso a resolver.



 Longe da cidade, aqui so se houvem os passaros e o vento. Quando se tem consciencia disto, o momento presente torna-se jubilatorio.
Os amadores do Yoga estão avisados, têm aqui uma boa alternativa!


 No cimo da vinha encontra-seuma tradicional palheira ;)


O Ti Zé Rebelo, com 88 anos de experiência, la ia podando cêpas ainda mais idosas do que ele.
"Este sitio é muito bom, ha poucas vinhas assim tão barreirentas" dizia-lhe referindo-se ao declive, solo e orientação da vinha.
"Pena é a vinha estar no estado em que esta", "vais ter pouco vinho"...


Ainda recebemos uma visita :)


A visita de uma pessoa sem a qual nada disto seria possivel.


Agora a proxima fase sera estrumar a vinha. Ela esta esfomeada, bem precisa para reforçar o vigor.
Para tal tera de vir alguem que tenha um cavalo para abrir a terra, pois as carreiras são estreitas, não permitem a entrada de tractor. Alias mesmo com o cavalo não sera facil, pois o espaço para virar tambem é curto. Vai ser engraçado!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Le Dão : le secret le mieux gardé de la vieille Europe viticole

Le samedi 26 janvier 2013 restera dans ma mémoire.


J'avais pris quelques jours pour retourner dans la belle région portugaise où j'ai mes racines, la région montagneuse de la Serra da Estrela, plus haut sommet portugais. Région où je réalise mes expériences viticoles, connue sous l'AOC Dão.

Je profitais de cette petite escapade pour aller tailler une vigne centenaire que je viens de louer et pour me rendre à un évènement, le Daowinelover meeting, organisé dans la région par des amis facebookiens, amants de la région et de ses vins.
L'objectif était simple, rassembler le plus d'amateurs possibles, dans l'objectif de vivre et fêter le Dão.
Initiative inédite, partie de deux utopistes et qui comme moi adorent cette région et qui souhaitent la remettre à la place qui était la sienne, au sommet de ce que les terroirs portugais peuvent offrir aux amateurs éclairés.

Inédite car organisée, non pas par des professionnels du vin ou de la communication, mais simplement par de simples oenophiles amoureux du Dão. Inédite car née via Facebook.

Aux côtés de Rui Miguel aka Pingus Vinicus, l'un des organisateurs du Daowinelover  meeting
La condition d'accès était simple, venir avec une bouteille de Dão.

Et le moins que l'on puisse dire c'est que la mayonnaise a pris.
Environ 150 personnes se sont ainsi réunies, venant des quatre coins du pays pour communier leur passion.
Et fait non pas des moindres, ils ont réussi à réunir la grande majorité des producteurs de la région, pourtant si minée par le manque de collaboration.

Nous nous sommes ainsi tous retrouvés au domaine Casa da Passarella, dont l'hospitalité s'est révélée exemplaire et où nous avons passé une belle journée, dans la bonne humeur et où régnait une atmosphère de partage.

Comme si cela ne suffisait pas, ils nous avaient réservé une grosse, grosse surprise. Deux jours avant l'évènement, un post annonçait sur facebook que l'évènement comprendrait une dégustation des mythiques vins du CEV Dão (Centre d'Etudes Vitivinicole du Dão).

Quand j'ai lu ça, l’excitation était au top! On aurait dit un puceau juste avant sa première fois :)

Comme la plupart d'entre nous, cela faisait si longtemps que j'en entendais parler et je n'en avais jamais goûté une goute... Il s'agit de vins mythiques, expérimentaux, qui remontent aux années soixante et qui constituent les plus beaux exemples de grands vins de garde que peut offrir le Dão et le Portugal.

Enfin le moment était arrivé!


Nous avons ainsi pu déguster 3 blancs et 4 rouges.

1964, 1974 et 1992 en blanc

1971, 1987, 1996 et 1998 en rouge






Inutile de chercher à en décrire les arômes et les saveurs, telle était la complexité.
En bouche, c'est comme si on se prenait des séries de vagues de saveurs. Indescriptible!
Peut-être le plus juste serait de dire que celà sentait le Dão, tout simplement.

1964
Au delà de cette complexité, ce qui m'impressionnait le plus c'était la vivacité de ces vins, leur fougue, cette jeunesse.



Je goûtais des vins blancs âgés de 49 ans, 39 ans... Un rouge de 41 ans...
Et quelle jeunesse!
Pas l'ombre d'une ride!
Nous nous demandions jusqu'où iront-ils? Impossible de répondre...



Même les plus sceptiques devaient se rendre à l'évidence, il n'y avait aucun doute, la région du Dão est capable de produire parmi les plus grands vins de garde au monde.

Après une telle expérience tout devient relatif!

Un grand "Obrigado" aux organisateurs pour cette mémorable journée!