sábado, 31 de dezembro de 2011

Inverno no Dão - Feliz ano novo!

A vinha em repouso antes de um novo ciclo.


Nos tambem entramos esta noite num novo ciclo, por isso aproveito para desejar a todas e a todos um excelente 2012, cheio de saude e alegria!
Para os que mais precisarem que seja realemente o virar de pagina!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vie et mort des sols - L. & C. Bourguignon

Lydia et Claude Bourguignon, micro-biologistes des sols (fondateurs du laboratoire LAMS) nous révèlent la faune cachée (acariens, collemboles, pseudo scorpions, vers de terre...) qui vit dans la terre, son utilité dans le processus de fertilisation des sols, sa destruction par l'agriculture conventionnelle chimique qui entraine petit à petit la stérilisation des terre. Ils nous expliquent leur travail de conseil aux agriculteurs à qui ils enseignent des méthodes pour "remettre leur sol débout" en restaurant la biodiversité des sols : rotation des cultures, utilisation des plantes de couverture, diminutions des labours... Claude et Lydia prônent une autre agriculture, libérée des intrants chimiques et respectueuse de l'environnement : une véritable agriculture durable.



Röyksopp - Alcoholic

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Dégustation / Prova - Millésime 2010


Na semana passada recebi em casa uns amigos franceses com quem costumo reunir uma vez por mês para provarmos vinhos as cegas.

Desta feita, alem da prova habitual, aproveitei para lhes apresentar amostrar dos meus vinhos de 2010. Tratam-se de amostras que engarrafei no verão para este efeito.
Os vinhos ainda continuam nas barricas, por isso por enquanto é como se se tratasse de uma prova em "primeur".


O resultado foi bastante positivo, ja que os meus amigos sentiram-se 'bluffés" pelo equilibrio apresentado pelos vinhos, a sua elegância, assim como a qualidade dos taninos, sem extracção exagerada, "au point" :)

Fiquei obviamente contente com os comentarios, pois correspondem de certa maneira ao que procuro.

Os vinhos têm cada um o seu caracter, são diferentes uns dos outros, mas apresentam pontos comuns, principalmente a acidez, a textura limpa, sem arestas, quase vidrada e a pureza da fruta.
Nota-se que são vinhos puros, sãs, não traficados, sem quimicos/maquilhagens desnecessarios. Os aromas são os do Terroir, não aromas de leveduras de laboratorio, e acho que isso se nota bem.

Os vinhos são vivos, estão sempre a mudar. Consoante o momento em que se provam, achasse que este ou aquele esta melhor.

Pessoalmente, antes quando era apenas consumidor/enofilo, não me apercebia disso, mas agora compreendo mesmo que são algo com vida, que evolui constantemente, as vezes de um dia para o outro.
Cada vez que os provo estão diferentes, umas vezes mais exuberantes, outras mais contidos, outras vezes reduzidos, sempre a mudar... E incrivel!

Desta vez, dois destacaram-se um pouco mais.
O Tinta Pinheira, com o seu ar delicado marcou pontos, mineral, fruta vermelha fresca, bela tensão, excelente equilibrio.

O Molhada tambem se portou muito bem, neste momento mostrou um excelente equilibrio e uma bela complexidade com os tipicos aromas de mato do Dão, por detras da fruta e mineralidade.


Retirei alguns ensinamentos desta prova, em particular algumas ideias a experimentar, se puder, em futuras vinificações.

Por exemplo, cada vez tenho mais a intuição com Jaen quer inox e a Tinta Pinheira grandes vasilhas de madeira usada, as maiores possiveis. Pois as barricas de 228L, apesar de terem 2/3 anos, mesmo assim notam-se ainda demasiado para o meu gosto.

Passo a passo se vai ao longe...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Descumbram a Kora com o seu maior embaixador

A Kora é um instrumento multi-secular, oriundo da Africa sub-sahariana, em particular do Mali.

Toumani Diabaté, "griot" tal como seus antecedentes, é um dos seus maior embaixadores.

O som deste instrumento é dos mais belos que ja pude ouvir.

Intrumento complexo, permite ao mesmo tocar o baixo, o acompanhamento e a improvisação, o que numa banda habitual necessitaria de 3 instrumentos.

O seu som lembra a harpa.

Alguns dos temas tocados pelo Toumani, têm, 300, 400, 500, 700 anos. 

Testemunham da historia e da cultura africana e da humanidade.

Deixo alguns videos para a delicia dos melomanos mais curiosos.

Neste Toumani explica o que é a Kora, e demonstra a tal capacidade a conjugar 3 instrumentos.



O som da Kora, harmonia pura!



A seguir, uma bela combinação com os espanhois Ketama e Danny Thompson, é caso para se dizer que ao cruzamento de varias culturas nascem das mais belas obras humanas.



Ao vivio e acompanhado


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A vinha ressuscitada

Deixo aqui algumas fotos da vinha de que fiz o 2011.

Trata-se de uma vinha que ando a recuperar ha dois anos, emprestada por um primo do meu pai.

Na altura a vinha jã não era podada ha 3 anos e estava ja cheia de silvado, a beira da morte, depois de 40 anos de bons serviços.



O encêpamento é uma mistura onde sobresaiem principalmente a Tinta Pinheira, o Negro Mouro e alguma Tinta Amarela. Um encepamento pouco vulgar, em vias de desaparecimento e que me importa preservar.


Tenho a tratado bem, provavelmente mimado como nunca.

O 2011 é o primeiro vinho em que me ocupei tambem da parte da viticultura.
E uma parte muito complexa e exigente quando se quer produzir vinho com caracter, mas é uma parte que da um gozo imenso. Gosto de estar na vinha, passei la muito tempo este ano, quase as minhas férias todas.

O ano de 2011 foi muito duro, muito esigente, dei o maximo, contarei isso numa proxima oportunidade.

O vinho promete, é a minha reconpença, agora compete-me não o estragar.



Vegetação, flores brancas...


Flores amarelas
Solos cheios de vida, de maneira a alimentar a bicharada do solo, necessaria a alimentação da vinha e  ao desenvolvimento das leveduras autoctonas, condição sinequanon quando se pretende fazer vinho que expressa o seu Terroir

Um solo cheio de minerais...


e com declive
Granito cor de rosa, entre outros


As cêpas velhas alimentam-se deste solo por isso importa preserva-lo

Nesta altura a vinha entra em repouso invernal, são os ciclos da natureza


sábado, 17 de dezembro de 2011

Adeus Cesaria!


A viagem de inicio de Dezembro - o relato

Como tinha dito no post anterior, estive alguns dias em Portugal no fim de semana passado.

Pude assim verificar como estavam a evoluir os vinhos, tanto os de 2010 como os de 2011.

Os de 2010 estão a evoluir bem, cada vez mais perto de estarem prontos para engarrafar.
Ainda não sei o que vou fazer com eles, mas em prencipio serão feitos alguns lotes, pois as quantidades são muito pequenas, apenas uma barrica de cada vinho/vinha, e não tenho nome para poder engarrafar seleções parcelares.


Em relação ao trabalho de adega, desta vez não fiz quase nada. Os vinhos não precisavam, apenas atestei os pipos depois de ter retirado algumas amostras para analises e ensaios de lotes.


Nesta fase, o mais importante era de ver como andava a fermentação malolactica nos 2011.
Esta fermentação é aquela segunda fermentação que as pessoas da aldeia não sabem bem o que é.
Trata-se de uma fermentação que se da (quando as coisas correm bem) depois da fermentação alcolica, transformando assim o acido malico em acido lactido, tornando assim os vinhos mais suaves, menos acidos.


Pondo o ouvido perto dos batoques das barricas, dava para ouvir ou não o movimento provocado pela emanação de gaz e assim verificar se a fermentação ainda estava em curso.
Ao provar, na boca tambem da logo para notar na lingua, alguns picos e assim constatar que a fermentação ainda não acabou.




Luis
Para se saber o estado de avanço, o melhor é analisar o vinho.

Para tal recolhi amostras de cada barrica e fui ter com o meu amigo Luis Lopes, no laboratorio da adega da Quinta da Pellada. O Luis faz parte da equipa de enologia de Alvaro Castro e te me ajudado muito nesta aventura.

Deu assim para ver que apenas uma barrica tinha concluido a fermentação. Protegia logo medindo o sulfuroso a 30 mg/L.

As outras barricas ainda têm a volta de 0,10 / 0,15 g/L de acido malico, por isso a fermentação ainda não acabou mas ja não estão longe disso.

Por isso foi so atesta-las bem.
Fico combinado, que daqui a duas semanas o Luis vai la ver outra vez. Assim que acabarem é proteger logos os vinhos.

Não é por nada que esta fase é das que causa mais stress aos enologos, as bacterias num meio propicio podem fazer das delas...


Aproveitei tambem estes dias para provar dois lotes que os meus amigos da Pellada prepararam a cerca de um mês, misturando alguns dos meus vinhos com alguns deles.

Um lote foi escolhido pelo Alvaro, procurando um pouco o modelo do Pape, misturando a minha Baga da vinha velha do Ti João com Tourigo e Jaen da Pellada.

O outro lote foi da autoria do Eng. Ataide Semedo, misturanda o vinho da Molhada (vinhas velhas de castas misturadas, com boa percentagem de Baga), com Tourigo UKR, Roriz e vinha velha da Pellada.



Gostei de ambos, sendo que de momento o lote do Ataide apresentava-se o mais casado.



Como isto de fazer lotes é bastante complicado, é continuar a experimentar.

Engarrafei mais duas garrafas de lotes, que seram abertas a proxima vez que la for, la para fim de Fevereiro quando for altura de podar (pessoalmente tento podar o mais tarde possivel para previnel efeitos de eventuais geadas tardias).

Desta vez fiz um blend so dos meus vinhos, 50% Jaen e 50% Tina Pinheira. Tenho a intuição que são capaz de casarem bem, a acidez da Tinta Pinheira ligando bem com o lado mais redondo do Jaen (se bem que o meu Jaen tambem tem bastante frescura, não fosse ele alid do sopé da Serra).

No outro bem juntei em partes iguais os meus três vinhos de vinhas velhas e juntei 20% de Touriga Nacional da Pellada, de maneira a fazê-los mais sobresair no lote.

Veremos portanto em fevereiro se resultaram.

Provamos tambem os vinhos de 2011, apesar do malico ainda não estar acabado, prometem muito. Mas disso falarei no proximo post :)

Até breve!


























quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

4 dias na oasis

Amanhã é um grande dia!

As 6 da manhã vou apanhar um avião para o Porto, seguido de uma viagem de comboio para Nelas que me devera permitir chegar a Terra Santa um pouco antes do meio dia.


 E tempo de ir ver os meus filhotes :)


Para os mais velhotes, os de 2010, é hora de provar, ver como esta a evolução de cada um dos 5.

Pode ser que algum precise de mais alguma transfega. Pois as borras e o reduzido as vezes pedem por isso.



E tempo tambem de ir provar algumas experiências de lotes.


E os 2011 tambem precisam de atenção, claro, pois é necessario ver como andam as malolacticas.
Caso tenham acabado, toca a proteger e transfegar. Se não for o caso ha que ter paciência, como no ano passado.



Vão ser mais uns 4 dias intensos, sempre a correr.
Depois no Domingo regresso a urbe parisiense.

A la semaine prochaine!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Porquê o nome de "Palheira do Ti Zé Bicadas"

Aproveito o facto de um colega "florista" me ter perguntado no forum da Revista de Vinhos o porquê do nome do blog para o esclarecer a todos os leitores.

Deixo por isso aqui a questão e a resposta.

Abraço a todos!


jms Escreveu:
Fantástico, é precisa muita vontade e coragem para uma empreitada destas!

Já agora, de onde vem o nome 'palheiras'?!

Obrigado pelo comentario.

E um pouco complicado responder a sua pergunta, porque tem a ver com varias coisas, mas vou tentar ser o mais claro possivel.

E uma palavra que acho que tem uma carga simbolica forte e na qual revejo o projecto.

Palheira tem a ver com a terra, com o pequeno lavrador que trabalha a terra. 
Tem a ver com a calma, com a paz que se sente no campo.
Tem a ver com pedra, pois as paredes, pelo menos ali a beira da serra, são de blocos de granito. A mesma pedra, ao fim de alguns anos, num sitio não poluido, esta em parte recoberta de lychens, testemunhos de pureza e de vida.

Tem a ver com o meio rural, com ethnologia.
Tem a ver com tradição, com a cultura e agricultura portuguesa.
Tem a ver com um passado que esta a desaparecer, com uma funcionalidade ou um modo de vida que esta a desaparcer ou que ja desapareceu.

Tem a ver com humildade, e isso acho muito bonito. Não é um château, não é um palacio, nem uma casa senhorial, é apenas uma humilde e digna palheira.

Tem a ver com o facto de não ser preciso grandes adegas ou grandes condições para se fazer um bom vinho. O mais importante é a vinha, o terroir, o trabalho do homem, não é a adega ou a assinatura do arquitecto da mesma que vão tornar o vinho no que não pode ser.

E finalmente tem a ver com o meu falecido avo e padrinho, conhecido na aldeia pelo alcunha de Ti Zé Bicadas (ja reparou que tambem as alcunhas, apesar de tão presentes na cultura portuguesa no passado, estão a desaparecer, isso daqui a umas gerações ja so os ethnologos e historiadores saberão o que é uma alcunha e a importância que teve no Portugal rural). Lembro quando era puto, quando ia de férias a Portugal de o acomanhar por vezes ao campo. Iamos no unico meio de locomoção que teve, a sua carroça puxada por uma burra. Iamos para a terra que cultivava. Enquanto ele regava, eu ficava a brincar na eira, em frente a sua palheira, onde ele gostava de dormir uma sesta, refungiando-se ai quando o calor apertava. 
Tem a ver com o orgulho que tenho nas minhas origens.
E uma forma de homenagear a sua memoria. 

Como vê é uma palavra que conjuga muita coisa. Espero ter esclarecido.

sábado, 3 de dezembro de 2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O inicio da aventura - 1° episodio

Vou tentar neste post explicar como se iniciou a minha aventura.

Vamos para isso voltar atras no tempo, em meados do ano 2010.

Mudei de emprego em 2010, o que me permitiu estar em Portugal dois meses seguidos, em Agosto e Setembro, e assim poder me dedicar a 100% nesse periodo a esta loucura.
Antes disso ja tinha começado a preparar esses dois meses a distancia, recolhendo conselhos principalmente do João Roseira e da Rita Marques, enologos e produtores que conheci no forum e em eventos da Revista de Vinhos e que tinha visitado em 2009. Simpatizamos e cada vez que tinha uma pergunta sobre como se fazia isto ou aquilo ligava-lhes.


A Rita é uma jovem enologa e produtora muito talentuosa.
Produz no Douro Superior, os vinhos Conceito.












O João é produtor de vinhos do Porto e do Douro, no Cima Corgo, no coração do Douro, perto de Pinhão. Produz os historicos Quinta do Infantado.







Tambem um amigo francês, François Chasans, me aconselhou muito nesta fase de preparação. Foi pelo François por exemplo que obtive o contacto da tanoaria onde comprei as minhas barricas udasas (DAMY, tanoaria situada em Meursault na Borgonha). 

O François, alem da sua esposa Céu, portuguesa, apaixonou-se pelos vinhos da Bairrada, em particular pela casta Baga. Iniciou ha alguns anos o seu projecto e não tenho duvidas de que daqui ha alguns anos sera considerado um dos melhores produtores da Bairrada, com os seus Quinta da Vacariça.




Graças ao João Roseira, obtive um encontro com o Alvaro Castro (fasmoso produtor da Quinta da Pellada e a quem a região do Dão muito deve) de maneira a lhe expor o que queria fazer e tentar obter o seu apoio tecnico e ver se seria possivel fazer os vinhos na sua adega. 










Trabalhar com o Alvaro Castro era para mim a melhor opção, pois alem de ser um produtor reconhecido (talvez o mais reconhecido no Dão), tinha a vantagem de estar na aldeia vizinha da dos meus pais, em Pinhanços, a apenas 2 km de casa. Isso torna tudo mais facil e pratico.











Fui então num fim de semana alargado a Portugal de proposito, no inicio de Julho de 2010. Mostrei então ao Alvaro Castro a apresentação que lhe tinha enviado, expliquei-lhe as minhas ideias, os meus motivos e o que pretendia e dei-lhe a provar uma amostra de Tinta Pinheira feita de respigos. Ele concordou que valia a pena experimentar e mostrou-se disposto a me dar apoio técnico. Propus-lhe de vir para la trabalhar gratuitamente em Agosto e Setembro de maneira a aprender com ele e a sua equipa a trabalhar na vinha e na viticultura. Ele aceitou.

O problema que ficava por resolver era que não podia fazer os vinhos na sua adega por falta de espaço, pois segundo dizia a adega estava “a rebentar pelas costuras”. Aconselhou-me então a procurar um lugar fresco e que tenha agua de furo e electricidade.









Tambem aproveitei esses dias para falar com os pequenos lavradores a quem iria comprar cachos e avançar um pouco mais nesse processo.

Voltei então para Paris, um pouco mais seguro mas com ainda muitas questões por resolver, sendo a do local e dos equipamentos a principal e a mais complicada.



To be continued...