sábado, 12 de outubro de 2013

Ficha técnica do Dão Antonio Madeira Vinhas Velhas 2011


Dão Antonio Madeira Vinhas Velhas 2011

A Historia ensina-nos que o Dão pertence a aqueles sitios que o Homem, desde ha muito, reconheceu como sendo predilecto para a produção de grandes vinhos.  Apesar de apresentar enorme potencial para a produção de grandes vinhos tintos e brancos de guarda, talvez o maior de Portugal, é uma região que teima em ficar no escuro, longe dos holofotes.

E tambem uma região que tem vindo a destruir o seu patrimonio de vinhas velhas, vinhas recheadas de castas autoctones, hoje em dia praticamente esquecidas. Vinhas que vão desaparecendo com os seus donos.

Antonio Madeira, francês luso-descendente , tem as suas raizes familiares no sopé da Serra da Estrela, sub-região do Dão. Nestas terras altas, Antonio acredita que se encontra o coração historico do Dão, a zona que apresenta maior potencial para vinhos de guarda, a zona onde os vinhos se mostram mais finos, frescos, austeros e  minerais.

Desde 2010, Antonio Madeira tem vindo a pesquizar nesta sub-região os sitios que os nossos antepassados elegeram como os melhores para vinha, aqueles que poderiamos chamar de « Grands Crus do Dão serrano ». Tem assim vindo a encontrar uma serie de vinhas velhas que se destacam pela genuinidade das suas castas, pela caracteristicas e nuances dos seus solos graniticos onde mergulham profundamente as suas raizes e pelas exposições solares.

Entre elas, esta a vinha que da origem a este vinho. Trata-se de uma vinha com 50 anos salva do abandono, depois de não ter sido podada durante 3 anos. Em 2010, ano do salvamento, em 1 ha obteve-se apenas 80kg de uva. Como tal, não houve engarrafamento.
2011 é por isso a primeira colheita deste vinho que visa a divulgar o Dão Serrano e as suas castas autoctones.


VINIFICACÃO

A Serra da Estrela, sub-região do Dão, conheceu um ano de 2011, marcado por um inicio de primavera quente e humido. Tornou-se por isso um ano complicado para o viticultor. Foi necessario muito trabalho, viticultura de orfevraria para conseguir obter uvas perfeitas em condições tão adversas. O verão que se seguiu foi quente e relativamente seco, o que uma boa maturação das uvas.

A filosofia de vinificação respeita as uvas, a natureza e o enofilo, focando-se na procura da expressão do terroir da Serra da Estrela. Como tal, não foi utilizado nenhum produto enologico a não ser o sulfuroso.

A fermentação alcoolica realizou-se em dornas abertas com a tradicional pisa a pé.  Arrancou naturalmente,  com as leveduras da propria vinha de maneira a expressar de forma pura a sua identidade. A temperatura de fermentação foi regulada com sacos de gelo e o frio das noites serranas. Procurou-se pouca extracção.

Depois de prensado, o vinho passou directamente para barricas usadas de carvalho francês, onde realizou a fermentação maloláctica até a primavera seguinte e estagiou  durante 16 meses.
As trasfegas foram realizadas por gravidade e a cântaros.
O engarrafamento foi efectuado em Março de 2013.


NOTAS DE PROVA

Expressa o carácter e a elegância da terra que o viu nascer.
Leva-nos a viajar no tempo para descobrir os aromas e sabores do sopé da Serra da Estrela, no Dão, tal como ele era no tempo dos nossos avós.
Aromas e sabores minerais, lembra pedras de granito no fundo de um ribeiro de fruta vermelha fresca  de caracter silvestre. Com nuances vegetais viçosas e perfumado por pequenas flores, caruma e pinhal, leva-nos até as paisagens tradicionais do sopé da Serra da Estrela.
De calibre delicado, puro, tenso, cheio de vida, elegante e estruturado, brilha belo equilibrio fresco que nos deixa a boca a salivar por mais um copo.


INFORMACÃO TECNICA

PRODUTOR    Antonio Madeira 
REGIÃO    Dão (Portugal)
TIPO DE SOLO   Granito
VINHA    Vinha velha salva do abandono no Sopé da Serra da Estrela
IDADE DAS CEPAS    50 anos
CASTAS    Field blend de castas autoctones esquecidas, onde predominam a Tinta Pinheira, o Negro Mouro (aka Camarate), a Tinta Amarela e a Baga.
CONDUCÃO DAS VINHAS    Guyot (tradicional nas vinhas velhas do Dão Serrano)
ALTURA DO MAR    450m
PERIODO DE VINDIMA    21 de Setembro 2011
FORMA DE VINDIMA    Manual, em caixas
MALOLACTICA    Barricas usadas (2 anos)
FERMENTACÃO    Dornas abertas, regulação da temperatura com sacos de gelo e o frio da noite,  fermentação natural com as leveduras da propria vinha de maneira a expressar o terroir, nenhuma utilização de produtos enologicos a não ser o sulfuroso.
ENGARRAFADO    Março 2013
ESTAGIO    16 meses em barricas usadas de carvalho francês (225 L), transfegas por gravidade e cântaro
ALCOOL (%)    13.5
PH    3.62
ACIDEZ TOTAL (G/DM3)    5.7
ACIDEZ VOLATIL (G/DM3)    0.53
PRODUCÃO    1500 garrafas
SUGESTÃO DE ACOMPANHAMENTO    Cabrito, receitas de bacalhau, carnes brancas, carnes vermelhas, arroz de pato.

4 comentários:

  1. Meu caro,
    Acredita ou não, mas és uma verdadeira inspiração!
    Forte abraço e muito sucesso nesse vinho!

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  2. Muito obrigado! Essas palavras dão me forças para seguir em frente!

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  3. Muitos parabéns António.
    Como seguidor do blog gostaria de saber onde se pode encontrar à venda esta pérola?

    Mário

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  4. Muito obrigado pelo interesse pelo blog e pelo vinho Mario.
    Em breve, podera encontrar o vinho um pouco por todo o pais nas melhores garrafeiras.
    Abraço
    Antonio

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