O que vinha a temer confirmou-se.
Uma forte queda de temperatura trouxe com ela neve na serra e geada na noite de sabado para domingo.
O balanço é pesado.
A vinha que salvei queimou-se muito, muito mesmo. Esta vinha esta num local frio e por isso sensivel as geadas tardias. Ja antes de tomar conta dela estava consciente deste risco. Assumi-o, pois procuro ali exacerbar a frescura caracteristica do local. So que nos anos mais duros, a cacetada é violenta... Fiz o que me era possivel para prevenir este tipo de acontecimentos, realizando as medidas culturais adequadas. Podei tarde para atrasar o abrolhamento e removi as ervas debaixo das linhas. Mas mesmo assim não me livrei este ano...
E dificil avaliar com precisão os estragos. Segundo as diferentes opiniões de quem la foi ver entre 70 a 90% dos lançamentos ficaram queimados... Ou seja praticamente toda a produção ficou comprometida.
Este ultimos dias tiveram por isso um sabor amargo, com algum desanimo a mistura.
Agora, como dizem os jogadores de futebol no flash interview a seguir a uma derrota, ha que levantar a cabeça. O diagnostico feito, agora é momento de agir para tornar o quadro menos negro.
Ja esta semana, serão retirados os lançamentos queimadas, ficando so o olho por abrolhar na base do mesmo, assim como os lançamentos que escaparam. Esta medida devera permitir um novo abrolhamento mais rapidamente. A produção sera assim bem menor em quantidade, mas talvez ainda se consiga fazer pouco e bom. Ha que não baixar os braços.
Das duas outras vinhas de que trato chegam noticias mais positivas.
Os locais e as suas caracteristicas são diferentes, menos expostos a este tipo de riscos.
A vinha centenaria não apanhou nenhuma geada, felizmente.
Na outra vinha que comecei este ano a tratar, tambem não houve estragos de maoir. Na parte de cima, onde estão as cepas tintas, não apanhou nada. Na parte de baixo, onde esta o branco ai sim apanhou um pouco, mas mesmo assim nada de maior, pois nessa parte o abrolhamento estava mais atrasado.
Assim sendo, sempre devera haver algum vinho em 2013.
Em principio, segundo as previsões meteorologicas, o pior ja passou, é provavel que ja não haja mais geadas tardias neste inicio de ciclo vegetativo.
Desde que iniciei esta aventura em 2010, não houve dois anos iguais, todos com as suas dificuldades e virtudes, cada um a por a prova a nossa capacidade de adaptação.
A viticultura no Dão, principalmente por razões climaticas, não é nada facil, é exigente, puxa por nos!